Fenômeno espírita da Vidência
Outra razão, de alguma sorte, prende-se ao que poderíamos chamar a fisiologia espírita. A visão do Espírito pelo médium se faz por uma espécie de irradiação fluídica, partindo do Espírito e se dirigindo sobre o médium; este absorve, por assim dizer, esses raios e os assimila. Se estiver só, ou se não é cercado senão de pessoas simpáticas, unidas de intenção e de pensamentos, esses raios se concentram sobre ele; então a visão é limpa, precisa, e é nessas circunstâncias que os retratos, quase sempre, são de uma exatidão notável. Se, ao contrário, há ao redor dele influências antipáticas, pensamentos divergentes e hostis, se não há recolhimento, os raios fluídicos se dispersam, são absorvidos pelo meio ambiente: daí uma espécie de nevoeiro que se projeta sobre o Espírito e não permite distinguir-lhe as nuanças. Tal seria uma luz, com ou sem refletor. Outra comparação menos material pode ainda nos dar a razão desse fenômeno. Cada um sabe que a verve de um orador é excitada pela simpatia e a atenção de seu auditório; que seja, ao contrário, distraído pelo ruído, desatenção ou a má vontade, seus pensamentos não são mais tão livres, se dispersam, e seus meios os sofrem. O Espírito que está influenciado por um meio absorvente, está no mesmo caso: sua irradiação, em lugar de se dirigir sobre um ponto único, perde de sua força em se disseminando.
Fonte: Revista Espírita 1859 - Janeiro (Adrien,...10§)