DISCIPLINADO É AQUELE que é capaz de, espontaneamente, se submeter às leis naturais e à ordem necessária ao bom andamento de todos os eventos da vida. Todos os seres e as coisas estão subordinados a uma organização estabelecida por Deus, que por isso é perfeita, imutável e incontornável, como se pode observar na harmonia dos infinitos mundos do macrocosmo ou no microcosmo das partículas subatômicas. A Lei Divina tem por objetivo conduzir o espírito à perfeição, portanto à felicidade. Ela é farta e generosa na distribuição de bênçãos e recursos, suprindo-nos as carências. Mas o progresso depende de ordem. e só se tem ordem com disciplina. E como a Natureza tende sempre ao equilíbrio, reage automaticamente a qualquer infração e promove medidas que devolvam a harmonia ao sistema. Quando a alma se desvia, primeiro é o amor que vem informar, esclarecer, orientar e convidar, pelas orientações e admoestações diretas de pais, mestres e amigos; ou então pela intuição de espíritos mentores, que falam à consciência sobre o bem a seguir. Muitas vezes, porém, pela dureza do seu coração e apego às paixões, faz-se necessário chamamento mais forte, como quando se grita para chamar aquele que está mais distante. É o que denominamos desconforto, dor, aflição ou sofrimento, mas na verdade é apenas um mecanismo de correção da rota, mostrando qual o melhor caminho a trilhar. O sofrimento, dessa forma, é uma consequência dos enganos do próprio ser humano e existe em benefício da sua educação.. Assim, quando não nos sujeitamos voluntariamente à disciplina, somos disciplinados pela Lei, até que aprendamos que o seu cumprimento é condição de nossa felicidade. Por isso, é melhor suar no esforço do que chorar no sofrimento corretivo. Moderação nos alimentos: saúde mantida. A disciplina aqui guarda o limite do razoável e do suficiente à manutenção da vida física. Dedicação aos estudos: inteligência desenvolvida. A disciplina encoraja a persistência, a reflexão e a repetição até o entendimento e a fixação do conhecimento. Seriedade no trabalho: progresso alcançado. A disciplina entra no esforço para a aquisição da qualidade e correção do serviço feito, levando ao seu aprimoramento. Compromissos cumpridos: respeito adquirido. A disciplina estabelece metas, prazos e estratégias adequados à entrega da tarefa, conforme pactuado com outrem, que a deseja receber conforme ajustado e se mostrará reconhecido e grato. Sinceridade nos relacionamentos: amizade fortalecida. A disciplina está atenta ao respeito à individualidade e à afetividade, não permitindo que sentimentos menos dignos traiam a confiança necessária em qualquer relação boa e fraterna. Correção no verbo: conversação enriquecida. A disciplina educa a palavra e a enobrece,-adequando-a à utilidade, à bondade e à verdade; modula a voz para que o pensamento seja bem compreendido, facilitando o entendimento mútuo. Sublimidade no amor: emoções equilibradas. A disciplina controla as paixões, para que sejam o estímulo e o entusiasmo necessários à realização dos ideais superiores, evitando perturbações e sentimentos indignos. Retidão nos pensamentos; paz conseguida. A disciplina ensejará a vigilância constante da mente, para que um dia alcancemos a condição de apenas pensar e agir conforme a lei do bem e do amor. Portanto, em todos os setores da vida, a disciplina é conduta indispensável ao sucesso e ao nosso bem-estar. Sem ela, implanta-se o caos e a consequência é o dano e o sofrimento. Até alcançarmos a espontaneidade, a disciplina se apresenta como uma companheira intransigente que não nos agrada, porque acostumados à acomodação e ao menor esforço. E um hábito que só se adquire com muita perseverança e que deve ser incutido desde a infância, insistindo-se com as crianças na repetição de tarefas necessárias à ordem no lar ou na escola. Alguns espíritos mais endurecidos, resistentes à educação amorosa, pedem uma disciplina enérgica e às vezes limitadora, e então o medo das consequências se apresenta como expediente compelindo ao cumprimento das regras de convivência social, até que se convença da sua importância. Exemplo disso são as penalidades impostas aos infratores no trânsito, com a elevação das multas ou a apreensão das carteiras, compelindo-os a usar o cinto de segurança ou a não exceder a velocidade. De qualquer modo, adquirido o hábito, tudo depois fica mais fácil e respeitar as regras e manter a ordem será natural e até confortável, porque compreendemos que é importante e bom e vemos o resultado positivo na forma de equilíbrio, harmonia e paz. Mas o excesso de disciplina na vida pessoal costuma esconder uma personalidade orgulhosa, rígida e intransigente, que não se permite erros e nem os admite no próximo, em detrimento de uma convivência mais espontânea e prazerosa. Essa rigidez torna o indivíduo disciplinador, áspero, crítico e quase sempre ofensivo, dificultando as relações interpessoais e o trabalho em grupo, por não compreender as imperfeições e os problemas alheios. E um candidato ao estresse, a doenças nervosas e a ficar sozinho. Por isso, a disciplina deve caminhar com a moderação e a tolerância, que lhe garantirão a justa flexibilidade em qualquer atividade ou relacionamento. Por fim, obediência e resignação são duas atitudes que bem expressam a disciplina. O Espírito Lázaro, em mensagem inserida por Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, ensina que "obediência é o consentimento da razão e a resignação é o consentimento do coração" (cap. IX, item 8). O disciplinado, assim, é um espírito que obedece porqtreTXrmprêéhde a importância da regra e igualmente sêTésIgna e se submete pelo bem comum. |
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