Manifestações Telepáticas de Agonizantes.
XLVII. - Na noite de 19 para 20 de Maio, um pouco antes de 11 horas, ainda eu não dormia; minha mulher, ao meu lado, já dormia, quando ouvi muito distintamente como que um pesado corpo cair sobre o assoalho do andar superior. Minha mulher ergueu-se então disse:
- Que há ?
- Deve ser um pão que caiu - respondi.
Esse quarto superior continha os pães da íntima fornada. Enquanto eu falava, um outro ruído semelhante ao primeiro, depois um terceiro, mais forte, reboaram. Então me levantei, acendi á luz, e, subindo a escada de madeira que conduzia ao celeiro, pude constatar que tudo ai se achava em perfeita ordem, estando os pães em seu lugar. Um funesto pressentimento relacionado com meu irmão João, doente assaltou-me nesse instante, mas não deixei transparecer nada, e quando minha mulher me perguntou o que havia ï, causado aqueles rumores insólitos, respondi, para não amedrontá-la, pois eu a sabia muito medrosa:
- Foram alguns pães que escorregaram.
No dia seguinte, qual não foi a minha estupefação vendo minha irmã, que morava então em Nimes, chegar com a fisionomia toda transtornada, assegurando-me ter ouvido, pelas 11 horas, um rumor em sua mesa e, apenas acordada, um abalo formidável no grande armário. Eu levei-a então até à cozinha e lhe disse:
- João morreu!
- Sim - respondeu ela - era ele!
Um mês depois, soubemos que nosso querido João falecera no hospital de Birkaden (Argélia), na. noite de 19 para 20 de Maio (23).
Fonte: Camille Flamarion - O Desconhecido e os Problemas Psíquicos.