News Letters - Especial à Tiradentes
Em homenagem ao 21 de abril, dia de Tiradentes, transcrevemos este soneto de Olavo Bilac ao nosso mártir, ditado à Francisco Cândido Xavier, em 21 de abril de 1955 e transcrito na obra "Instruções Psicofônicas". Pensemos um pouco sobre a luta e o sacrifício destes homens e se não seria o caso de nos envolvermos um pouco mais, visando acabar com esta "farra" que ocorre nos três poderes de nossa Pátria por um bando de vândalos, assistida por atônitos omissos que se continuarem assim frustrarão Tiradentes, onde quer que esteja, no ideal de contemplar o Brasil do futuro.
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HOMENAGEM AO TIRADENTES
Na reunião da noite de 21 de abril de 1955, no horário consagrado às instruções, comunicou-se nosso amigo espiritual José Xavier, recomendando-nos: ‒ “Rogamos aos companheiros mais dois ou três minutos de silêncio, em oração, a fim de que o poeta Olavo Bilac, hoje presente às nossas tarefas, algo nos diga, como é de seu desejo, sobre a memória do Tiradentes.”
Minutos após, com a transfiguração habitual do médium, assinalamos a presença do grande poeta brasileiro, cuja palavra eloqüente se fez ouvida em nosso recinto, no soneto que passamos a transcrever:
TIRADENTES
Freme na Lampadosa, a turba em longas filas.
Estandartes... Clarins.... A praça tumultua. ...
Tiradentes, o herói, ante os gritos da rua,
Entra guardando a cruz nas magras mãos tranqüilas.
‒ “Morra a conjuração da sombra em que te asilas!”
‒ “Morte ao traidor do reino!...” – É a gentalha que estua.
E ele sobe, sereno, à forca estranha e nua,
Trazendo o sol da fé a inflamar-lhe as pupilas.
Logo após, é o baraço, o extremo desengano...
O mártir pensa em Cristo e envia ao povo insano
Um gesto de piedade e um olhar de amor puro.
Age o carrasco, enfim... O apóstolo balança....
E Tiradentes morre, entre o sonho e a esperança,
Contemplando, enlevado, o Brasil do futuro.
Olavo Bilac
Extraído do Livro: Instruções Psicofônicas
Francisco Cândido Xavier
Vade Mecum Espírita
Especial de Tiradentes 21 de abril de 2009
Luiz Pessoa Guimarães
Notas:
Lampadosa: Na realidade, porém, tal nome se refere à ilha “Lampadosa” do arquipélago das Ilhas Pelágias, no Mar Mediterrâneo. Sua extensão mede uns 20,12 km2. Administrativamente está sob a jurisdição da província da Sicília, Agrigento. Hoje, a ilha possui aproximadamente uns cinco mil habitantes. Lá a Itália mantém uma colônia penal. Nossa preocupação, porém, não é refletir sobre a situação ou o estado geográfico de Lampadosa, mas sim por ela ter fornecido o nome a um bairro na cidade do Rio de Janeiro, com sua padroeira, Nossa Senhora de Lampadosa. Uns escravos negros transferidos daquela ilha para o Brasil trouxeram de lá uma imagem de Nossa Senhora do Rosário.
Estua: Agita-se, ferve
Baraço: Laço para estrangular
Autor: Luiz P.Guimarães
Fonte: Vade Mecum Espírita