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Você sabe o que significa isto?


         RESILIÊNCIA

 

 

O ORGULHO É um dos mais graves vícios da alma, causa da presunção de superioridade que separa as criaturas e gera miséria e sofrimento.

          Em O Evangelho segundo o Espiritismo encontramos o seguinte texto de um espírito protetor:

O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece... (Allan Kardec, cap. IX, item 9).

          O orgulhoso é um indivíduo enclausurado em seu modo de pensar e sentir a vida, por isso de caráter rígido e inflexível. Por se achar sempre certo, não reflete nas próprias atitudes e não acolhe críticas que o ajudem a ser melhor. Quando contrariado ou ofendido, tem grande dificuldade de compreender e perdoar; quando em queda, os responsáveis são sempre Deus - se n'Ele acredita - e os outros. Costuma se revoltar, reclamar e criticar. É duro e exigente com o próximo, não raro cruel. Surpreendido em erro ou crime, mente e tenta fugir à responsabilidade. É alguém que faz sofrer, mas ao mesmo tempo alguém que sofre ou vai sofrer, porque somente o amor pode gerar paz interior e alegria.

          Por essa rigidez, o orgulhosó tem muita dificuldade em lidar com situações para as quais não está preparado e com pessoas que não se submetem, não conseguindo agir de forma adequada para resolver problemas e nem para se reerguer em quedas. Pode ter inteligência e habilidades, mas não consegue utilizá-las de forma a ter uma relação pessoal ou grupai emocionalmente equilibrada. Ele não tem aquilo que o psicólogo americano Daniel Goleman denominou de inteligência emocional.

          O sofrimento, no entanto, é o cadinho purificador de nossas almas e o orgulho, mais cedo ou mais tarde, cederá espaço à humildade e à simplicidade, as duas virtudes essenciais e agregadas por várias outras, como a fé, a coragem, a paciência, a tolerância...

          Desse conjunto surge uma outra qualidade da alma: a resiliência, cuja definição, por analogia com o fenômeno observado em alguns materiais - que retornam à sua forma original após determinada pressão -, é a capacidade que o indivíduo tem de superar as adversidades e delas se recuperar com as estratégias do bem, tirando lições e crescendo espiritualmente.

          Todas as criaturas estão sujeitas a provas e lutas, problemas e dificuldades, impedimentos e contrariedades, cuja finalidade é o desenvolvimento da inteligência e da moral.

          Assim como a criança é inexperiente, não sabe atender às suas necessidades e chora esperando socorro, também o espírito imaturo se desespera quando tem de enfrentar seus problemas. Os mais frágeis se acomodam reclamando à espera de alguém que os resolva e os mais endurecidos se revoltam contra tudo e todos, cobrando atendimento. Ambos podem fugir para os vícios ou para o suicídio, ou mesmo agredir e matar.

          Aos poucos, acumulando experiências e virtudes, percebendo que a fuga e a revolta não solucionam, pelo contrário, produzem mais sofrimento, a pessoa desenvolve a vontade, se fortalece e procura enfrentar os problemas com os recursos que possui. Nas primeiras vezes não consegue; em outras não consegue sozinha e busca ajuda; muitas vezes fracassará no esforço; mas, perseverando, porque caminhar adiante é necessário para ser feliz, adquirirá a capacidade de superação, alcançando a resiliência.

          Em outras palavras, podemos dizer que resiliente é o ser capaz de gerenciar as próprias crises, utilizando-se dos valores morais superiores e compatíveis com a lei divina.

          As adversidades são as mais variadas e cada uma exerce uma certa pressão no indivíduo, de natureza física (sensações), psicológica (emoções ou sentimentos) ou mental (pensamentos).

          Quanto mais resiliente for a pessoa, melhor responderá à pressão e mais facilmente conseguirá administrar o problema, com menos desgaste emocional. A capacidade de bem reagir depende de uma equação que envolve três fatores: a natureza do problema, a intensidade da pressão e as forças internas da criatura.

          A evolução espiritual não é linear, ou seja, as virtudes não se desenvolvem na mesma intensidade e ao mesmo tempo. Cada vivência nos faculta o parcial aprimoramento de uma virtude, de tal maneira que podemos ser, por exemplo, disciplinados, mas não tolerantes. E como as virtudes só aos poucos se completam, podemos ter suficiente fé para enfrentar uma dificuldade financeira, mas não para a desencarnação de um filho.

          Por isso, só aumentamos a nossa resiliência na medida em que avançamos no conjunto das virtudes. Indispensável estudar muito e aproveitar todas as experiências, retirando delas as lições que engrandeçam e fortaleçam a alma.

          O resiliente não nega o problema, não resiste à pressão e nem se acomoda na dor. Pelo contrário, com doses suficientes de fé, humildade, resignação, gratidão e coragem, aceita a aflição como prova que a vida lhe oferece, sem se desequilibrar. Com sabedoria, identifica causas, avalia as consequências e elabora estratégias viáveis. Cede e verga até o limite de suas forças e de seus valores morais, adapta-se às circunstâncias e com estas aprende. Age com rapidez onde e quando necessário e dá tempo ao tempo se a solução depende da conjugação de fatos, da contribuição de terceiros ou de maturidade pessoal.

          O resiliente é por natureza um conciliador, sempre disposto ao entendimento, ao perdão e à convivência pacífica, ainda que tenha de renunciar a direitos e ter algum prejuízo. É otimista, flexível, generoso, compreende o ponto de vista do outro e o respeita. Em razão disso, é alguém de fácil relacionamento e excelente convivência em grupo. Porém, ao contrário do que muitos pensam, não é um fraco e nem conivente com o mal, sendo capaz de agir com energia para conter os aproveitadores.

          Se o desfecho do problema resulta em mudança da vida material para pior, com a perda de recursos financeiros, posição social e autoridade; ou se significa o afastamento de pessoas até então motivo de alegrias, não se deixa abater, reajusta-se e acomoda-se à nova situação, prosseguindo adiante com a vida e fazendo sempre o bem, na certeza de que a sementeira boa produz bons frutos. Apesar de tudo, permanece em paz consigo mesmo, cheio de esperança, com isso facilitando a adaptação e a recuperação.

          O resiliente cuida da alma, mas cuida também do corpo, porque um corpo forte e saudável contribui para o melhor enfrentamento das adversidades próprias da nossa imperfeição e do nosso mundo material. Com saúde resistimos mais às intempéries e às dores, temos condições de trabalhar e estudar para nos recuperar das quedas, e a mente permanece emocionalmente mais livre para refletir.

          O resiliente é autoconfiante, conhece suas potencialidades e dificuldades, aceita-se como é e procura sempre melhorar, sem jamais se menosprezar porque é criticado e nem se envaidecer com elogios. Sabe que felicidade ou infelicidade não depende dos outros, sobre os quais não tem controle, mas de como se comporta diante da vida e enfrenta as situações.

          Acima de tudo, quem tem resiliência tem fé em Deus, na Sua justiça e misericórdia, sendo grato por todas as coisas e experiências que o Senhor lhe permite experimentar.

Autor: Donizete Pinheiro
Fonte: Para uma vida saudável
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