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Vade Mecum Espírita

Roustaing


Amigos: paz!
 
Abro este email rogando as bênçãos de Jesus para todos os que o lerem.
 
Motiva-me endereçar-lhes simples reflexões, tendentes a envolver-nos, a todos indistintamente, num projeto objetivo todo ele lastreado nos ensinos e recomendações de Jesus.
 
Passa de século o mal-estar entre alguns espíritas, criado aqui no Brasil quando cá aportou a obra “Os Quatro Evangelhos – Espiritismo Cristão ou Revelação da Revelação”, de Roustaing. Seria fastidioso dissertar o porquê disso. Aos destinatários deste email sobram conhecimentos e detalhes sobre esse embate crônico, que como todos, desune.
 
Assim, aqui compareço como o mais humilde de todos os que pesquisaram e analisaram a obra routainguista. E talvez seja o mais velho, nesta existência terrena, eis que me aproximo dos 83 anos. Mais velho, mas de forma alguma com atribuição que me autorizasse a dirigir-lhes palavras que os contrariasse. E se ao final da leitura isso transparece, debitem à minha incapacidade de melhor me expressar, pelo que peço me perdoem.
 
Mas é de peito aberto que lanço uma ideia simples, conquanto de repercussão inimaginável, considerando que me refiro à cessação completa, radical, permanente, de todos os nossos apontamentos sobre o conteúdo da obra roustainguista e os procedimentos correlatos dos que a aprovam.
Falando sincera e objetivamente: Kardec é unanimidade, o que inclui os roustainguistas. Já Roustaing, tem pequena parcela de seguidores.
Pensar que uma única obra pudesse nublar, confundir, perturbar ou abalar o Espiritismo é substimar imperdoavelmente sua sublimidade, seu significado desde quando aportou no Planeta Terra, com a participação incomparável de Kardec e, principalmente, seu aval: Jesus!
— Por isso, que importa a nós outros, que não concordamos com a parte roustainguista doutrinariamente contrária à Doutrina dos Espíritos, se há irmãos nossos que a aceitam? Por acaso somos feitores que decidimos com o que os outros devem ou podem compartilhar? Ainda mais se considerarmos que todos os roustainguistas, pelo menos os que conheço, são fraternais, cordiais, cultos e têm Kardec como o abençoado codificador da Doutrina dos Espíritos? E todos, sem exceção, cristãos — espíritas cristãos!
 
Fazendo prova do último parágrafo acima reproduzo aqui um pequeno trecho do Dr. Juvanir que muito me marcou, robustecendo-me o já grande, imenso respeito que tinha e tenho pela FEB, pelo seu fantástico e abençoado acervo literário que há mais de cem anos oferta a todos os espíritas e aos não espíritas que quiserem beber nas fontes iluminadas dos livros de tantos autores, elevadíssimos uns, bem simples outros (como eu), mas todos sinceros. Eis o referido trecho do então presidente da FEB:
        "Os espíritas sabem que a orientação doutrinária da Federação Espírita Brasileira, como Entidade Federa­tiva Nacional, está calcada na Codificação Espírita con­tida nas obras de Allan Kardec conforme diversos pronun­ciamentos de seu Conselho Federativo Nacional".
        (Palavras finais do artigo de abertura da Revista Reformador/FEB, de Fevereiro/1996, referindo-se a ataques a Roustaing).
 
Vou contar-lhes, ligeiramente, como Roustaing visitou-me: em 1993 vim a conhecer sua obra, por uma pessoa dentre centenas de outras que frequentavam o mesmo Centro Espírita, eu inclusive — apenas uma, entre centenas; informado de ser obra polêmica e instado a me manifestar, fui aos quatro tomos e estudei-os por um ano. Lá encontrei uma parte evangélica coadunando-se com Kardec e outra parte em franca colisão doutrinária. Essa obra, no Brasil, de vez em quando é reeditada pela FEB.
Então, elaborei em 1995 um artigo (14 fls. A4) dessa segunda parte e enviei-a ao único núcleo que conheço onde Roustaing tem aficcionados oficialmente instalados, isto é, a diretoria da FEB; mais especificamente: à presidência febeana, à época, o Dr. Juvanir Borges. Solicitei-lhe que publicasse meu artigo no órgão oficial de divulgação da FEB (a revista REFORMADOR). Em resposta Dr. Juvanir telefonou-me dizendo que o texto ficaria em arquivo especial na FEB, não o publicando para não incensar mais polêmicas além das inúmeras anteriores.
Passados quatro anos decidi reenviar à FEB: fiz isso, então, para Geraldo Campetti Sobrinho, pois tinha iniciado comunicação com ele, relativa a artigo dele que apropriei em livro meu, o qual ele o prefaciou (“Raio X do Livro Espírita”). Remeti-lhe o mesmo texto mostrando as incongruências doutrinárias de Roustaing, solicitando a ele que, se possível, impedisse divulgação dessa obra que não une espíritas, ao contrário...
Geraldo solicitou-me encarecidamente que não publicasse meu artigo porque certamente desencadearia mais polêmicas.
Acatei novamente esse segundo pedido, considerando que em todos os C.E. que frequentei (e foram muitos, em vários Estados do Brasil) praticamente o conhecimento sobre Roustaing pouco passaria de 1% dos frequentadores. É mera estimativa essa porcentagem, mas penso que é ainda atual. Não importa que seja um pouco mais. Os que me leem talvez possam confirmar ou anular essa minha simples estimativa.
 
Dois anos atrás um amigo enviou-me um conto “machadiano” (sobre Machado de Assis) de autoria de Jorge Leite Oliveira, que eu não conhecia. Gostei do conto e comentei com ele, incentivando-o. Daí em diante ficamos amigos, embora virtuais (como, aliás, são quase todos os destinatários deste email). Trocando reflexões espíritas vim a saber que ele reside em Brasília, é frequentador e colaborador da FEB e, à época estava revisando justamente meu livro “Espiritismo e Genética”, reeditado em 2016, em edição especial comemorativa de vinte anos no catálogo literário febeano. Jorge Leite é de grande cultura. Trabalha intensamente na divulgação do Espiritismo, à parte de ser membro ativo de atividades assistenciais.
Foi justamente ele que há poucos dias enviou-nos email, parecendo-me algo magoado com “ataques à FEB”, conclamando a pacificação, como Jesus aconselhou; informou no email, penso que oficialmente, que a FEB não faz propaganda de Roustaing. De fato, desconheço tal propaganda.
 
Quando eu tinha seis anos iniciei estudos espíritas, na então “Evangelização Infantil”, no único C.E. da minha cidade: Igarapava/SP. Meu padrasto, diretor do Grupo Escolar, correspondia-se com a FEB (Guillon Ribeiro) e eu via que o carteiro sempre trazia livros da FEB, capa dura, marron, busto de Kardec em relevo na capa... Desde então acompanhei a evolução da qualidade e conteúdo doutrinário excelente das demais obras febeanas.
Cresci, mudei de cidade com a família várias vezes e em todas sempre frequentei C.E. e, volto a repetir, nunca neles Roustaing sequer foi pronunciado, sendo mesmo desconhecido de grande parte dos espíritas.
 
Tenho o maior respeito por todos aos quais estou enviando cópia. Muitos são meus correspondentes virtuais e mais que isso: irmãos e amigos.
Se incluí aqui alguns com os quais nunca trocamos pensamentos é porque seus nomes vieram-me em emails dos com os quais isso acontece.
Se contrariei seu pensamento, concedam-me o crédito de que falei-lhes com a voz do coração e sempre os terei na conta de irmãos/amigos.
 
De início referi-me ao projeto que tem Jesus como indicador e peço licença para relembrar dois fortíssimos conselhos do Excelso Mestre, que podem ser o “selo cristão” no projeto que citei acima de desatarmos definitivamente os nós referentes a Roustaing:
 
        “Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. - Digo-vos, em verdade, que daí não saireis enquanto não tiverdes pago o último ceitil." (Mateus, V, 25 e 26);

        "Se, portanto, quando depor vossa oferenda, vos lembrardes que o vosso irmão tem qualquer coisa contra vós, deixai a vossa dádiva junto do altar e ide, antes, reconciliar-vos com o vosso irmão; depois então voltai a oferecê-la." (S. Mateus, Cap. V, vv. 23 e 24).

Despeço-me abraçando a todos fraternalmente e imaginando Jesus pousando Sua Luz sobre nós.

Eurípedes

Autor: Luiz Pessoa Guimarães
Fonte: Internet
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